Movimentação e aproximação, a evolução do São Paulo de Bauza

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O São Paulo fez sua melhor partida sob o comando de Edgardo Bauza.

Foi um jogo irretocável do tricolor.  Uma goleada, sem o centroavante titular e artilheiro da Libertadores e sem o seu reserva imediato.

Foi a 3a vitória do time na Libertadores, jogando no Morumbi com as dimensões reduzidas, algo que defendi no ano passado e que muitos achavam que não fazia diferença Clique aqui para relembrar o post.

Nas 3 partidas em casa, sufocamos os adversários, não deixamos o adversário “esfriar” o jogo, chutando a bola para frente e para as beiradas, para ter tempo de se rearrumar.

E ganhamos uma jogada importante:  a cobrança de lateral para dentro da área, algo que com um campo 2,5 m a mais em cada lateral não era possível.

O Toluca começou o jogo com uma linha de 5 defensores, pois deve ter estudado o jogo em que perdemos para o The Strongest, que também jogou dessa forma, com o objetivo de anular as jogadas de nossos extremos.

Quis o destino que Kardec não pudesse jogar, pois talvez a história pudesse ser outra, caso tivessemos um centroavante mais fixo na área no meio de zagueiros fortes mas lentos.

Nos principais lances ofensivos do time, chegavamos com 6 jogadores (Ganso, Centurion, Michel Bastos, Kelvin, um dos volantes e um dos laterais), para matarmos a superioridade numérica da defesa adversária, e com troca de posições.

Pela direita, Bruno e Hudson aprofundavam, e pela esquerda Mena e Thiago Mendes.

Algo que não ocorreu na partida contra os bolivianos no Pacaembu, quando os extremos ficavam muito abertos (não permitindo passagem dos laterais), Ganso ficava na entrada da área (não permitindo a chegada de volantes) e Kardec ficava muito fixo entre os zagueiros.

O primeiro gol, na cobrança de lateral de Bruno, Ganso, Centurion e Hudson aproximaram para receber a bola e  Kelvin e Michel Bastos se posicionaram dentro da área.

O segundo gol, Centurion abriu no bico da grande área, Michel Bastos atraiu a marcação do lateral, Mena atraiu o marcador para fora da área, Kelvin se posicionou como centroavante, Ganso abriu pela direita, e Hudson chegou pelo meio.  E isso espalhou os defensores mexicanso, e fez com que os defensores se preocupassem mais com o passe que com o drible e chute.

No terceiro gol, Michel Bastos, Mena, Centurion puxaram a marcação pela esquerda.  Thiago Mendes veio pelo meio, tabelou com Ganso (que estava de centroavante) e fez o gol.

No quarto gol, novamente Michel Bastos e Mena pela esquerda, Thiago Mendes na entrada da área, Centurion de centroavante, Kelvin “fechando” para o meio.  Ganso entrou pelo meio para matar a “sobra” dos zagueiros, e com muita luta, Centurion fez o quarto.

Isso mostra que o São Paulo agora é um time, que joga coletivamente, que rouba a bola ainda no campo adversário, permitindo que laterais e volantes já estejam posicionados perto da área, e com muita movimentação dos 4 jogadores ofensivos.

Bauza com 1 semana inteira para descansar os jogadores, treinar, corrigir o time (algo impossível jogando Paulista, com viagens longas para Venezuela, Bolivia, Peru, não conseguia fazer.

Além disso, sem dúvidas, Luiz Cunha sem fazer muito alarde uniu o grupo, algo que já viamos na base.  Um time pensando primeiro no coletivo e depois no individual.  E isso é visível até nas entrevistas.

Destaco também, o trabalho feito por Bauza, que mesmo com críticas, jamais desistiu de jogadores como Centurion, Michel Bastos, Thiago Mendes, Rodrigo Caio, Hudson e Bruno, mesmo sendo chamado de teimoso, e com comentários de que não conhecia o grupo direito.

Mesmo sem João Schmitd e Calleri, que sem dúvidas foram os grandes destaques do time na vitória contra o River, o coletivo foi o ponto alto do time.

Não tem como não falar de Ganso.  Um jogador que sempre admirei, e sempre torci para que recuperasse o futebol.

Muitos técnicos cobravam que ele marcasse, participasse mais do jogo e entrasse na área.  Ganso não tem velocidade para isso.

Agora ele tem liberdade, tem extremos e volantes que marcam por ele, fazendo com que ele só se preocupe em jogar futebol.

Mérito de Bauza, que aos poucos vai implantando seu estilo de jogo, onde defende-se com muitos e ataca com muitos.  E para que isso ocorra, é importante não desperdiçar a posse de bola, para que o time esteja sempre perto uns dos outros, seja para defender como atacar.

Todos sabem que prefiro a AMPLITUDE e PROFUNDIDADE de Osorio, Fernando Diniz e Jubero.  Mas, esse estilo e filosofia de jogo, demora anos para ser implantado!

Mas, no curto prazo, o estilo de Bauza, é mais efetivo.

 

 

 

 

 

 

 

2 thoughts on “Movimentação e aproximação, a evolução do São Paulo de Bauza

    Emerson said:
    April 29, 2016 at 9:11 pm

    Excelente análise. Há bom tempo venho “brigando” com alguns amigos e cheguei a afastar-me por algum tempo de alguns locais. Ficava extremamente irritado com as críticas destrutivas ao time, ao treinador e a vários jogadores. Todo mundo querendo um time fantástico na mão já e agora, com “meio dia” de treinamento.
    Bauza era questionado. Francamente…
    Um sujeito com duas Libertadores, com times do segundo (ou terceiro?) escalão, merece muito respeito.
    Tempo.
    Essa é a palavra-chave. Esse é o ponto fundamental para a montagem de um time.

    O São Paulo fez um grande jogo, mas não está pronto.
    Vai oscilar, ainda, o que é natural, pois está em formação.

    No final da temporada, dependendo de chegadas & saídas, poderemos cobrar algo de El Patón.
    Por enquanto não.

    O São Paulo vem num processo evolutivo. Não podemos e não devemos gastar tempo, energia e palavrões (como aconteceu e como aconteceu!) com um jogo como contra o Audax. Nunca foi um jogo importante. Jamais poderia ser um jogo importante.

    O time melhora, jogadores vão conquistando confiança – Michel, novamente, Centurión, que viveu um inferno todo particular, Hudson… – e se soltando, jogando melhor.

    Ganso cresceu, amadureceu. Ficou na reserva em La Paz. Bauza queria fechar o meio e impedir os chutes de média e longa distância, arma favorita do Strongest. Conseguiu. O gol sofrido foi acidental, foi acaso, foi azar, foi falha, mas não foi tramado e planejado pelo adversário. Porque o que eles tramaram não aconteceu. A “fechadura” no meio funcionou. Ganso entrou com fôlego, artigo raro e de luxo em La Paz (o brasileiro ignora o que seja altitude). Por pouco não vencemos.

    Enfim, temos um time. Em formação. Mas temos um time.

    Como sou um cara chato, venho repetindo: temos um bom elenco (estamos no Brasil, esse elenco pode até ser chamado de ótimo, sem exagero), temos treinador, temos estrutura, temos direção (agora sim, com o Luiz… lembra dele conversando com o Michel lá longe, logo em seu primeiro dia no CT?).
    Faltava o Tempo. Ainda falta, mas bem menos.
    Faltava a Confiança. Ela chegou.

    Com tudo isso, foi possível o time jogar como jogou, sem o seu artilheiro.
    As triangulações pelos lados funcionaram.
    Jogadores cresceram, como Bruno, fundamental contra o River ao desarmar o contra-ataque no meio e em seguida já estar posicionado na lateral de onde cruzou para Calleri.

    Temos um time em formação. Eu acredito, continuo acreditando que iremos longe. Acreditava nisso quando Bauza chegou, fiquei abalado com a derrota no Pacaembu (o Morumbi voltou ,importante também), mas o bom jogo em Buenos Aires deu-me a certeza de que estávamos e estamos no caminho certo.

    Abraço.

    Emerson

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      Blog do Airnani responded:
      April 29, 2016 at 9:38 pm

      Emerson,

      Sempre uma honra, um comentário seu em meu post!

      Realmente ainda falta muito para termos um time consistente. Bauza não pegou o time do zero. Pegou o time do “- 10”, com um time que já não tinha padrão e ainda sem Rogerio, Pato e Luis Fabiano!

      Futebol é coletivo, e é preciso fazer ajustes finos até encontrar um padrão. Mas, muitos por aí cobram mudanças radicais de um jogo para outro!

      O Chelsea, o Manchester United, provam isso, e o City que parou de contratar em atacado, e deu estabilidade para um técnico, esta na semi-final da Champions.

      Um grande abraço amigo!

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