A TEORIA DO POST DE SEXTA, NA PRÁTICA COM O JOGO DE ONTEM

Posted on Updated on

Na sexta-feira, escrevi um post falando sobre Osorio, suas preferências táticas (4-3-3 ou 3-4-3) e seu conceito de AMPLITUDE E PRFUNDIDADE vs COMPACTAÇÃO (https://zanquetta.wordpress.com/2015/08/07/osorio-e-4-3-3-ou-3-4-3-e-nao-4-2-3-1-e-3-5-2-amplitude-e-profundidade-e-a-diferenca/#comment-239303).

Hoje, para que esses conceitos fiquem mais claro à todos, vou ilustrar com exemplos práticos do jogo de ontem.

AMPLITUDE/PROFUNDIDADE vs COMPACTAÇÃO

Trecho do texto de sexta:

O conceito de amplitude e Profundidade, tem como objetivo, “espalhar” mais os jogadores em campo, com o intuito de dificultar a marcação sob pressão.

Seria o “antídoto” da COMPACTAÇÃO.

Com jogadores afastados para os lados e para frente, o time adversário não tem como se compactar para defender.

O Chile de El Loco Bielsa e Sampaoli, são os grandes exemplos desse conceito de AMPLITUDE e PROFUNDIDADE. Perceba como jogadores mesmo sem ter tanta habilidade, saem tocando sempre para frente, “espalhando” seus jogadores, abrindo pelas laterais, e com 3 linhas um pouco mais distantes.

Já o time que melhor faz a compactação defensiva é o Corinthians de Tite. Eles encurtam o espaço, fazendo uma linha de impedimento alta, e suas linhas atuam sempre muito próximas. Outra característica é fechar bem o meio, com os laterais próximos dos zagueiros.  Dos 68 m (média da largura dos campos), ele fecham os 40m próximos do gol.

O volante Ralf (ou Bruno Henrique) não permitem tabelas na entrada da área, se posicionando entre as 2 linhas de 4.

Os 4 que compõe a segunda linha de 4, fazem o mesmo que a primeira linha defensiva. Jogam próximos e “afunilados”. E só correm para as laterais para darem o bote. A preocupação sempre é evitar o toque pelo meio.

NA PRÁTICA

Osorio escolheu o 3-4-1-2, ao invés do 3-4-3. Isso deve-se a carência da equipe de ter um ponta pela direita. Wilder e Pato não puderam jogar, e assim tínhamos apenas Centurion.

O time ficou um pouco “torto” por conta disso. Tínhamos PROFUNDIDADE pelo lado esquerdo com Centurion. Mas, como Ganso joga mais centralizado, o lado direito teve Bruno contra Uendel e Malcom. E aí, tem não só o lado negativo, mas como também o lado positivo.

E o que isso impactou na prática no jogo de ontem? O gol do Corinthians, assim como já havia acontecido com o Atlético-MG (2º gol), saiu por esse lado. Uendel, não tinha muitas preocupações defensivas, pois quem marcava Bruno era Malcom. E foi o lateral esquerdo, o jogador mais perigoso do time adversário.

Mas, por outro lado, logo no início do segundo tempo, sabendo que Tite, deve ter notado como abrimos as jogadas no primeiro tempo, deixou a COMPACTAÇÃO UM POUCO DE LADO, e tentou AMPLIAR (ALARGAR) as linhas de 4, e Osorio falou para o time atacar pelo meio.

E foi assim que fizemos o primeiro gol.   Tabela pelo meio, Centurion mais “fechado” recebeu a bola e chutou. E no rebote, Luis Fabiano fez o gol.

Para quem notou na comemoração do gol, Osorio foi correndo falar com Lucão. O que ele disse? Eles estão querendo marcar o lado, e deixando o meio mais exposto.

E logo na primeira bola que Lucão pegou, arrancou pelo meio com a bola dominada, avançando de uma intermediária a outra, exatamente onde o Corinthians normalmente bloqueia: O meio.

POST DE SEXTA (TEORIA):

Muita gente se acostumou com o fato de que 3 zagueiros é sinônimo de 3-5-2.  E talvez por isso, acham que é um sistema mais defensivo e cauteloso.  Afinal são 3 zagueiros, dois alas, 2 volantes e 1 meia.

Mas, no futebol moderno dos técnicos contemporâneos, o esquema de 3-4-3 é ultra ofensivo (com tempo para que os jogadores entendam como foi o Chile de Bielsa e Sampaoli, que chegam até a jogar no 3-3-3-1).

E a principal diferença é o posicionamento do meio campo (em linha com 2 volantes e dois alas) ou um losango (com um volante mais recuado, dois alas abertos e um meia de ligação mais avançado), e 3 atacantes.

Nesse sistema, os alas não se “batem” com os laterais.  Quem faz isso são os pontas.  Os alas se batem com os meias de lado de campo.  Esse tipo de esquema é para “sufocar” o adversário, fazer o time adversário estourar as bolas, e postar os zagueiros para “brigar” pela bola aérea no meio campo.  Afinal, um zagueiro tem maiores chances de ganhar de cabeça que um volante.

Mas, o grande diferencial desse esquema se comparado com o 3-5-2, é AMPLITUDE E PROFUNDIDADE.

A ideia de se jogar assim, não é defensiva, e sim ofensiva. Muitos acham que jogar assim é para ter um zagueiro na sobra.

Isso é coisa do passado, pois com o vigor físico dos jogadores atuais, é impossível deixar um zagueiro “sobrando”. Você perde um jogador para marcar mais à frente.

Desta forma, o que se espera, é as 3 linhas jogarem espaçadas, e com isso evitar que um time possa sufoca-lo em seu campo.

Veja como o Chile toca a bola, e como é difícil sufocar o time deles.

Quando você abre os 3 zagueiros, é preciso de 3 atacantes para marcar a saída de bola.

As opções dos zagueiros são passe “paralelo” para o ala, diagonal para os volantes, ou um passe direto para o ponta!

Talvez seja por isso que MAC e outras pessoas não entendam porque precisamos de zagueiros canhotos e em 2006, 2007 e 2008 não precisávamos.

O passe em diagonal (que Pique faz bem para Neymar) de um zagueiro para o ponta, é uma das melhores formas, de sair do sufoco e rapidamente criar uma opção de gol. Veja contra o Coritiba. Não foi um passe cruzado, mas, um passe direto.

Se os 3 atacantes avançam, é preciso de 4 jogadores da segunda linha também espaçada, para pressiona-los a receber a bola de costas. Pois se um dos jogadores recebe a bola, com condições de virar e olhar para frente, tem opções inúmeras pelos lados ou pela frente.

 

NA PRÁTICA

1º TEMPO

O 3-4-1-2 de Osorio, “espalhou” o time em campo. O Corinthians, como sempre faz, quando joga fora de casa, ou depois que marca um gol em casa, marcou atrás da linha da bola.

Como a maioria dos times no Brasil, adotam o 4-2-3-1 para atacar, Tite com suas duas linhas de 4 e com Bruno Henrique entre elas, fazem um “sanduíche” na linha criativa (3).

Eles “induzem” o time adversário a começar as jogadas com os 2 zagueiros centrais ou os 2 volantes. E por isso, os times adversários tem dificuldade de criarem contra eles.

E foi isso que aconteceu. Mas, ao invés de 2 zagueiros, tínhamos 3 bem espaçados (ontem, acho que muitos entenderam de porque precisávamos de um zagueiro canhoto).

Tolói pela direita e Luiz Eduardo (muito bom jogador. Não estava em um grande clube, pois os técnicos brasileiros, acham que zagueiro tem que defender apenas. Edson Silva é melhor zagueiro que ele para 90% dos técnicos brasileiros) pela esquerda, jogavam livres e com tempo para pensar.

E no jogo, vimos o que havia comentado no post de sexta, ilustrado pelas inversões de jogo de Pique para Neymar.

Apensar de Maurício Noriega, comentarista do jogo, dizer que o “erro” do São Paulo, era deixar os zagueiros inverterem o jogo em profundidade, isso é algo muito treinado e usado no futebol contemporâneo.

Tolói fez inúmeras inversões para Centurion, jogar nos 14m, entre o lateral “afunilado e comparctado” e a linha lateral. Ah, se Pato pudesse jogar……

E Luiz Eduardo fez inversões para Bruno, e talvez por isso tenha errado tanto. Na direita, não tínhamos um ponta para receber a bola nos 14m, e com isso a inversão tinha que ser muito precisa para Bruno, que não estava tão aprofundado.

(Não vejo a hora de ter Pato, Centurion e Guisao à disposição! E também o menino Luiz Araujo, mais pronto para o profissional).

De qualquer forma, pelas pontas tivemos o cruzamento de pé trocado de Carlinhos, para cabeceada na trave de Centurion, um chute de Centurion, que recebeu a bola de Michel Bastos na ponta, cortou para o meio e chutou para defesa de Cassio, e um cruzamento de Bruno para Luis Fabiano virar e chutar na trave.

Tite percebeu isso e já no final do primeiro tempo, os laterais “abriram” mais para marcar Centurion/ Carlinhos e Bruno. E foi pelo meio, que Ganso achou Luis Fabiano chutar mais uma bola no travessão.

2º TEMPO

Osorio percebeu que Tite “abriu” mais Fagner para marcar Centurion no final do primeiro tempo. E com isso, abriria um espaço entre Felipe e o lateral.

E foi assim, que começamos o segundo tempo, atacando por ali, com uma tabela pelo meio e com Centurion mais “fechado” recebendo a bola e chutando.

Como Jadson passou a jogar mais recuado para marcar Carlinhos, Osorio colocou Wesley em seu lugar, para jogar mais pelo meio, e deslocou Michel Bastos para ala.

Logo em seguida, ele colocou Breno no lugar de Hudson que já tinha cartão, e também porque o Corinthians acuado, estava “estourando” a bola. Com Breno por lá, ganharíamos todas as bolas no meio.

E minutos depois, colocou Auro no lugar de Bruno. O time saiu do 3-4-1-2, para o 3-3-3-1.

Apesar de ter dito no post logo depois do jogo que Auro estava na segunda linha de 3, queria aqui corrigir. Além disso, o que meu amigo KXD, disse era que o esquema de Osorio no Nacional era 3-3-1-3, com Cardona atrás da linha de 3.

As 3 linhas de 3 eram formadas da seguinte forma: 1ª Linha: Toloi, Lucão e Luiz Eduardo; 2ª Linha: Wesley, Breno e Michel Bastos e a 3ª Linha Auro, Ganso e Centurion, e Luis Fabiano mais à frente.

A dificuldade de formar 3-3-1-3, contra o Corinthians, é o volante que joga à frente da zaga (Bruno Henrique). E por isso, em minha humilde opinião, acho que fizemos 3 linhas de 3 com Luis Fabiano mais à frente, segurando 2 zagueiros.

Mas, isso fez o São Paulo criar inúmeras possibilidades. O Corinthians, tentou pressionar o São Paulo em sua defesa, e Rildo e Jadson tentaram pressionar os zagueiros abertos. Mas, aí foi Lucão que passou a sair jogando pelo meio. Renato Augusto, algumas vezes, tentou pressioná-los, mas aí ele tinha o toque para Michel Bastos e Wesley, jogadores mais cadenciados do que Carlinhos e Bruno.

Em alguns momentos, Wesley invertia com Breno, e armava pelo meio, tentando tabelas ou enfiadas por ali.

Auro com isso, fixou mais Uendel (apesar dele ter criado uma bela jogada, à lá Ponte Preta na sulamericana de 2013, com Rildo).

O final do jogo, foram várias as vezes que chegamos com Michel Bastos, Centurion pela esquerda, Auro e Wesley pela direita, mas faltou a precisão na inversão de jogo, que colocaria um dos lados de frente para o gol.

Jadson já não aguentava mais defender, Fagner tinha que marcar Centurion e Michel Bastos, e assim, Felipe teve que sair na cobertura e fez falta, onde tomou o segundo amarelo.

Jadson saiu e entrou Edu Dracena para compor.

Um pouco antes do lance, Tite colocou Danilo para tentar prender um pouco mais a bola na frente, e tentar ganhar alguma bola pelo alto no meio. Algo que Luciano não conseguia.

Enfim, no final teve o lance do pênalti. Indiscutível. E acho que com 6 substituições, lance em que Cassio, diz que a bola estava murcha (será que não ficou 6 segundos com a bola?), o lance da expulsão, em que Elias ficou na frente da Bola, para esperar Jadson sair e Edu Dracena entrar e chegar até a área, 3 minutos foi muito pouco. E mais 2 minutos, mesmo sem pênalti, acho que faríamos o gol da vitória.

 

Leave a comment